Fotografia e emoções
Fotografia e emoções *
Como a fotografia pode ser uma ferramenta de compreensão das emoções
Por Elisabete Bianchi **
Eu sou uma fotógrafa curiosa sobre a vida. Acredito que todo fotógrafo é no fundo um contador de histórias. A forma como vemos as coisas tem sempre algo de poético. Dentre as histórias que escolhi contar estão recém-nascidos, gestantes, famílias e crianças.
As crianças, em particular, ficam alegres facilmente, pelo fascínio que tem pela vida e por novas descobertas. Mas à medida em que crescem surgem outros sentimentos não tão fáceis de entender. É aí que convergem todas as emoções e como resultado reações inéditas e inesperadas.
Para entender como tudo isso funciona, entra em cena a psicologia, explicando os porquês e trazendo a compreensão de como encarar o desafio que é ser humano. Por ser mãe e trabalhar também com outras crianças, decidi explorar esse universo de informações e de alguma forma ajudar pais que podem estar com dificuldades nessa área. Tudo isso através da fotografia, com uma porção de afeto!
Assim surgiu a parceria com uma dupla incrível que eu admiro muito e que idealizou o Espaço Mente Divertida. Um lugar lúdico para crianças interagirem, onde a Henrielsa atende como psicóloga.
A ideia principal dessa parceria é auxiliar mamães e papais ‒ assim como eu e você ‒ a enfrentarem com assertividade a responsabilidade de educar emocionalmente seus filhos. Sobre isso, Henrielsa afirma que “uma das principais missões ao educar uma criança é ajudá-la a entender, reconhecer cada emoção e além do mais mostrar que todos nós sentimos isso, é natural, faz parte da vida e podemos demonstrar”.
Em muitos momentos é preciso jogo de cintura frente a comportamentos decorrentes do pouco entendimento que uma criança tem das emoções. Por isso, é preciso ajuda-las a compreenderem e a lidarem com suas próprias emoções e a dos outros.
Se tem sangue correndo nas suas veias, você sabe que isso é verdade. Somos feitos de pele e osso, mas também temos uma alma cheia de vontade de se expressar. Identificar cada emoção e suas origens é fundamental para aprender a resolvê-las de forma saudável.
Dito isso, o que fazer com as crianças quando demonstram suas emoções?
Primeiramente, é importante nós, adultos, demonstrarmos nossas emoções para as crianças, mesmo quando não estamos bem e precisamos chorar ou de um tempo para nos acalmar. Assim, elas terão um exemplo próximo para reconhecer e entender as emoções, o que facilita a aprendizagem de como lidar com cada uma delas.
“Todos nós já nascemos sentindo emoções e começamos com as emoções primárias: raiva, medo, alegria, surpresa, nojo e tristeza. Sentir todas as emoções é normal e faz parte do nosso cérebro junto ao ambiente em que estamos para facilitar o conhecimento, o desenvolvimento e o bem estar.” ‒ explica a psicóloga Henrielsa.
Cada emoção, sem exceção, tem sua importância. No caso da tristeza, ela nos ajuda a parar um pouco para refletir. O nojo é uma emoção muito útil para nossa sobrevivência, pois faz com que saibamos diferenciar o que é bom ou ruim para nossa alimentação. O medo nos protege de situações perigosas. E assim sucessivamente, cada coisa no seu lugar!
Diante da expressão de uma emoção desagradável, como a tristeza, o primeiro impulso é quase sempre de repressão acompanhado de um “não chora porque é feio”. Agindo assim estamos dizendo que é errado sentir e demonstrar sentimentos. A criança aprenderá a guardar as emoções reprimidas, e esse silêncio pode gerar sérios problemas ao seu desenvolvimento psicológico e social.
Em vez disso, a psicóloga Henrielsa aconselha que quando se deparar com um episódio desses, acolha o sentimento da criança, pergunte de maneira gentil a razão pela qual está assim. Busque entender e traduzir cada lágrima, grito e desconforto. Por fim, afirme que entende o que ela sente e que vai passar. Assim você estará ajudando a criança para que conheça a si mesma e seus sentimentos, que são base para a inteligência emocional.
“Aprender desde cedo a reconhecer as emoções e saber que é natural senti-las facilita o desenvolvimento, amadurecimento e relacionamento interpessoal. Viver em sociedade se torna mais fácil quando conseguimos entender nossas emoções e das demais pessoas.” ‒ Henrielsa.
A maioria de nós adultos pode compreender esses conceitos escritos em um papel, mas poucos de nós conhecem meios de aplicar isso à sua realidade. Foi justamente pensando nisso que concebemos uma ferramenta-brinquedo que pode ser usada como facilitadora dessas incursões aos sentimentos na infância.
Minha proposta é retratar cada criança expressando as seis emoções básicas: alegria, tristeza, medo, raiva, nojo e surpresa. Com o resultado do ensaio, produzimos um cubo personalizado com as emoções da criança fotografada, que pode ser usado como recurso lúdico pelos pais para gerar um momento de conversa sobre os sentimentos.
Jogando ou descontraindo-se em um momento da família será possível trazer à tona o que precisa ser falado e entendido pela própria criança e até mesmo pela família, ao descobrir o que se passa com o filho. As crianças precisam de um espaço para compartilhar sua vivência com os pais e acreditamos que isso possa ser feito de forma lúdica, fluida e saudável.
Ensaio das Emoções
Para crianças a partir de 5 anos.
Incluso 6 fotos digitais,
dado fotográfico das emoções personalizado e
APP com sugestões de atividades.
Matéria publicada na 3ª edição da Revista Maternité.
*Elisabete Bianchi é Licenciada em Artes Plásticas e Pós-Graduada em Produção de Imagens com Meios Tecnológicos. Atua como fotógrafa desde 2013. Especialista em ensaios gestante, newborn, bebê e criança.
Contribuição: Dra. Henrielsa Tergolina ‒ CRP 07/03646 / Psicóloga e Coaching Internacional ‒ Sistema Eneagrama 360º